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Como preparar a família para a chegada de um animal de estimação?

Como preparar a família para a chegada de um animal de estimação?

Apesar do crescente número de animais de companhia registado, ano após ano, nos lares dos portugueses, é ainda gritante a falta de preparação que uma boa fatia de futuros tutores revela na hora de os acolher.

Há toda uma sequência preparatória que não devemos descurar quando tomamos a decisão de integrar um animal no seio da nossa família, quer seja cachorro e gatinho ou um animal com uma idade mais avançada. Um dos passos fundamentais, e iniciais, desta sequência é a preparação da nossa casa para os receber. Não nos podemos esquecer que esta chegada não só é uma novidade para nós como o é muito mais para eles que, repentinamente, se vêm a viver num ambiente completamente novo e desconhecido.

Muitos perguntar-se-ão: não bastará ter uma casa com espaço suficiente ou com um jardim (no caso do cão)? Não, não é de todo suficiente. São três as premissas do bem-estar que deveremos proporcionar ao receber um animal: comer, brincar e descansar.

Comecemos pelos gatos. A introdução destes felinos domesticados – que, por vezes, fazem questão de nos presentear com a sua faceta mais selvagem – deve ser planeada meticulosamente, e sempre com o propósito do seu bem-estar, assim como dos próprios donos da casa.

Em termos de necessidades básicas, é indispensável a existência de um local específico – e, de preferência, tranquilo – onde possam realizar as suas necessidades fisiológicas. Locais como a casa de banho costumam ser os ideais para colocar as caixas de areia. Na eventualidade de já existirem outros gatos na mesma casa e por forma a evitar eventuais conflitos, o recomendado é haver mais de uma caixa de areia por gato, isto é, para dois gatos teremos três caixas de areia em diferentes zonas da casa. Quanto à comida e bebida, tendo em conta que os gatos são bastante cuidadosos com a sua higiene, os recipientes deverão estar sempre afastados dos locais onde fazem as suas necessidades. Caso estejam perto, poderemos estar a provocar distúrbios na alimentação e, por consequência, no bem-estar do animal.

Os gatos não são animais que necessitem de um espaço de dimensões consideráveis para se sentirem felizes. Precisam, sim, de um conjunto de condições que lhes permita sentir confortáveis e, muito importante, expressar os seus comportamentos naturais. É extremamente importante que tenham locais de refúgio designados, onde possam acorrer em situações de maior stresse. E porquê? Os gatos possuem um caráter social distinto do dos cães, tendo na sua maioria uma menor tolerância a situações de socialização intensa. São também mais ciosos do seu próprio espaço, pelo que a existência de vários pontos seguros onde possam estar tranquilos é um must have.

Por outro lado, se não queremos que os sofás e a mobília sirvam de tela para os felinos exporem as suas obras de arte, devemos optar por arranhadores. Estes objetos desempenham um papel importante no quotidiano dos gatos, nomeadamente para que possam afiar as unhas e também como oportunidade para disseminar o seu próprio odor, deixando, por assim dizer, mensagens territoriais. Mas este arranhador deve cumprir certas características que incentivarão o gato a utilizá-lo: devem ser resistentes, sem abanar em nenhuma ocasião, se possível que tenham diferentes poleiros para aumentar o interesse do gato, possuir uma disposição preferencialmente vertical que permita o gato esticar-se na sua totalidade, e devem estar localizados de forma estratégica, por exemplo perto do local onde o gato dorme. Da mesma forma que para as caixas de areia, deve haver pelo menos um arranhador por gato, de maneira a que não seja necessário esperar para poder arranhar. A instalação de prateleiras elevadas poderá ser também importante para que o gato possa ter uma visão geral dos diferentes espaços num local ao qual só ele tem acesso.

Já no caso dos cães, há certas e diferentes considerações a ter em conta. É extremamente importante definir desde o primeiro momento o local onde este dormirá. Assumindo que não será no quarto ou na cama dos seus donos – o que por si só não representa qualquer tipo de problema -, teremos então de escolher um local mais tranquilo e confortável da casa, onde possa descansar com o mínimo possível de interrupções. O descanso, tal como para nós, é vital para a saúde dos cães.

Quanto ao local de bebida e alimentação, convém que estejam num local afastado da sua cama, mas que seja também numa zona relativamente sossegada.

Não nos podemos esquecer também que, durante a fase de cachorro - sobretudo na fase de transição de dentes de leite para dentes definitivos -, os cães procurarão amenizar o desconforto que este processo lhes provoca, roendo preferencialmente pés de mesas e cadeiras, e também sofás. No fundo, tudo aquilo que esteja mais “à mão” e que lhes proporcione o tão desejado alívio. Devemos antecipar esta situação e evitar prováveis dissabores, protegendo a mobília e oferecendo brinquedos para roer e que transmitam ao cão a sensação de estar a destruir algo sem realmente o fazer.

Para evitar eventuais problemas, tal como a ansiedade por separação – cuja ocorrência não é infrequente em cães – é importante habituar o cão a uma divisão da casa que servirá como um “porto de abrigo”, ao qual poderá recorrer em períodos de menor conforto. Esta habituação deve ser feita de forma gradual, mas logo aquando da chegada do cão.

Preparar devidamente a nossa casa é um passo fundamental para uma transição suave, que nos permitirá focar no que realmente importa: a construção de uma relação saudável e duradoura entre dono e animal.Um artigo do médico veterinário Bernardo Soares.

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